segunda-feira, 1 de junho de 2009

Coronel Benjamin Ferreira Guimarães

Benjamin Ferreira Guimarães, fundador do Hospital da Baleia, nasceu em 17 de dezembro de 1861, na cidade de Santo Antônio de São João Acima - hoje com o nome de Igaratinga.

Filho mais velho de Manoel Ferreira Guimarães e Maria Constância Moreira, mudou-se para o Rio de Janeiro aos 13 anos com o intuito de trabalhar na firma Xavier e Gontijo cujos proprietários eram os também mineiros Bernardo Xavier Rebelo e Domingos Gontijo.

Naquela época, Benjamin trabalhava como caixeiro. Suas responsabilidades se resumiam em varrer o chão, arrumar as mercadorias e atender aos clientes. Mesmo assim, no tempo em que exerceu essa função, mostrou ser um funcionário de confiança e bastante competente. Acordava cedinho e demonstrava disposição para tudo. Seus patrões ao perceberem tais qualidades faziam questão de estimulá-lo. Não demorou muito e Benjamin tornou-se vendedor.

Altamente dedicado, proporcionou lucros inéditos para o estabelecimento. Após dois anos de trabalho, decidiu voltar para Minas Gerais, mais precisamente para a cidade de Bom Sucesso. Lá, começou a trabalhar no comércio de Joaquim Machado da Silva Neto, como vendedor. A destreza de Benjamin despertou a atenção de seu chefe, que reconhecendo o valor de seu empregado, ofereceu-lhe sociedade. Assim, em 1880 a empresa passou a se chamar Machado e Guimarães.

Na mesma época, conheceu Maria Ambrosina e não demorou muito para que os dois subissem ao altar. A união foi oficializada em 15 de dezembro de 1883. Ao longo do casamento, eles tiveram doze filhos. Três faleceram ainda crianças e nove puderam dar continuidade aos trabalhos, à história e à vida deste grande homem. De acordo com o relato dos familiares Benjamin e Maria Ambrosina tiveram 65 anos de uma união sólida feliz e harmoniosa.

Os negócios iam bem e a sociedade trouxe prosperidade. Dessa forma, ele pode economizar o bastante para abrir seu próprio negócio. Criou então, a Casa Popular de Bom Sucesso, em 1889. O comércio vendia de tudo, e não tardou para o sucesso acontecer.

Benjamin queria apostar em novos horizontes. Decidiu investir no setor têxtil. A oportunidade veio quando seu amigo Juca Fonseca o convidou para incorporarem juntos a Cia. Industrial de Valença. A inauguração aconteceu em 1906, na cidade de Valença, situada no estado do Rio de Janeiro. A Companhia era uma grande indústria para a época, equipada com os maquinários mais sofisticados e importados da Inglaterra.

Ali, começava a se consolidar a trajetória de sucesso de Benjamin Guimarães. Depois do grande impacto desse empreendimento, outros iriam surgir e entrar para história desse importante industrial.

Grandes Obras

Em 1925, Benjamin Guimarães construiu sua primeira obra assistencial. Tratava-se de uma escola normal em Bom Sucesso, que no ano seguinte, passou a contar com um orfanato para meninas. Essa escola daria origem à Escola Estadual Benjamim Guimarães.

A partir daí ajudou também na construção de Hospitais Santa Casa, orfanatos, asilos e escolas em Minas Gerais e outros estados. Dentre os quais podemos destacar: a Santa Casa de Misericórdia em Pitangui, Oliveira e Barbacena; o Colégio dos Salesianos em São João Del Rey, e o Instituto Agrícola de Artes e Ofícios.

Em Belo Horizonte, criou um moderno hospital de oftamologia, anexo ao Hospital São Geraldo, sob direção do Dr. Hilton Rocha; restaurou a Assistência Universitária Mendes Pimentel, e ajudou a Associação São Vicente de Paula e a Santa Casa. Além disso, encabeçou campanhas para aquisição de remédios para pacientes cancerosos e leprosos.

Já no Rio de Janeiro, construiu o Instituto de Anatomia Patológica da Santa Casa de Misericórdia, ajudou na estruturação do Asilo São Luiz, da obra de Assistência aos Mendigos e da Casa do Pobre de Copacabana. Colaborou também para a reconstrução da Pró-Matre.

Benjamin Guimarães foi um homem muito à frente de seu tempo, aliando o dinamismo e a força empreendedora, à sensibilidade e solidariedade às populações mais carentes daquela época.

A grande obra

Mesmo tendo acumulado riqueza através de seu trabalho, Benjamin não deixou de ajudar as pessoas mais necessitadas. Apesar das intensas ajudas humanitárias que fazia, queria algo mais. E esse “algo mais” veio através da construção da Fundação Benjamin Guimarães, em julho de 1944. A idéia inicial era construir uma entidade especialmente voltada para o amparo de crianças carentes. O primeiro passo para que o projeto fosse colocado em prática, foi a doação da área da Fazenda da Baleia, adquirida através do então governador de Minas Gerais, Benedito Valadares.

A partir daí, Benjamin Guimarães doou cerca de 20 milhões de cruzeiros para a construção de um sanatório e de um preventório. O preventório, chamado Hospital Antônio Mourão, recebia até 250 crianças filhas de pais tuberculosos, que ali, recebiam todo o amparo possível. As crianças doentes eram encaminhadas para o Hospital Maria Ambrosina para receber os primeiros socorros. Surgia assim o Hospital da Baleial.

Com o sucesso do tratamento da tuberculose com antibióticos, o Baleia, que já atendia crianças portadoras de problemas locomotores, seqüelas da própria tuberculose, da poliomielite ou de doenças neurológicas, foi se especializando no atendimento ortopédico e cirúrgico. Diante da nova necessidade, foi inaugurado na década de 50, o Hospital Baeta Vianna, com capacidade para 200 leitos e equipado com um moderno bloco cirúrgico. O conjunto destas três obras se caracterizou como um hospital geral de pediatria. Dessa forma, o serviço ortopédico se desenvolveu como uma referência nacional, levando o nome da Fundação a todo o país.

Após quatro anos da inauguração do Hospital da Baleia, Benjamin Guimarães faleceu, legando inúmeras obras de assistência e prestação de importantes serviços, sempre em favor das populações menos favorecidas.

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